15/10/2010

Os Cus de Judas - A


Oceanário de Lisboa
- uma olhada pela janela de vidro grosso.
Foto minha.
«Não sei se lhe parece idiota o que vou dizer mas aos domingos de manhã, quando nós lá íamos com o meu pai, os bichos eram mais bichos» - António Lobo Antunes, Os Cus de Judas.Há momentos em que a vida nos parece mais viva, que vimos e percebemos o mundo usando todos os sentidos. O ritual dos passeios no Jardim Zoológico era assim. Mas, ao mesmo tempo, os sentimentos do protagonista do livro não foram puramente positivos. Ele menciona um lugar de que gosta e um professor quem admirava, mas as impressões do protagonista são descritas com palavras que sugerem tristeza, solidão e inquietação. Os pássaros eram esquísitos, os animais gritavam ou estavam sozinhos nos seus tanques e gaiolas.
«Os plátanos entre as jaulas acinzentavam-se como os nossos cabelos, e afigurava-se-me que, de certo modo, envelhecíamos juntos» - António Lobo Antunes, Os Cus de Judas.

1 comentário:

  1. Este ritual de passeio pelo jardim zoológico é também uma coisa que me perturbou. Por um lado, porque também o pratiquei com os meus pais, e ao lê-lo perdi essa visão inocência de ritual pequeno-burguês para ficar com a da aridez que ressalta da descriação da obra. Por outro lado, tenha estado a pensar durante a releitura, se há alguma relação entre a África, a Guerra e o Jardim Zoológico. Seria o Jardim Zoológico a coisa mais próxima de África que se poderia conhecer em Portugal? Será o Jardim Zoológico uma metáfora da vida, nós como animais enjaulados, subjugados, dormentes? As pessoas que vão ao JZ serão assim tão diferentes dos animais que lá estão presos?

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